Para tanto realizaram 150 entrevistas entre os dias 13 de março e 12 de abril de 2005, adontando uma amostra quantitativa não probabilística, com profissionais a partir de 25 anos, de ambos os sexos, atuantes nos segmentos da indústria, comércio e serviços (gráfico).
Os resultados mostram que a participação dos mais jovens é bastante representativa, 71% tem entre 25 a 39 anos (gráfico). Esta média de idade seria impensável nas décadas de 80 e 90. Considerando essa faixa etária, vê-se que mais da metade dos mesmos é casada. A renda média familiar é R$ 4.300,00, considerada baixa se comparada com a de outros grupos.
Mas esse não é o maior problema. Detalhando esses dados vê-se que os homens, independente do grau hierárquico, ganham bem mais do que as mulheres. Eles têm média salarial de R$ 3 mil e elas, de R$ 1,5 mil. “É um dado surpreendente de um preconceito que um dia tem que desaparecer”, ressalta José Zetune (Presidente da ADVB), em entrevista ao portal Mundo do Marketing. Para ele a pesquisa tem como foco “gerar reflexão e valorizar o profissional de marketing”.
Para mim um dos resultados que mais chamou atenção foi o conhecimento que os profissionais de Marketing tem de autores e escritores. Incríveis 25% disseram não saber quais são os autores/consultores mais importantes da área de Marketing. Um dos poucos citados é Philip Kotler, 61% dos profissionais de Marketing felizmente sabem quem ele é.
Em artigo publicado no portal Mundo do Marketing, Francisco José Toledo (Sócio e Diretor-Geral da Toledo & Associados), diz ser imperdoável que somente 2,7% dos entrevistados leiam nomes como Al Ries. Segundo ele, "deu para perceber que eles não estão lendo publicações na área de Marketing e isso é preocupante porque é uma atividade em que o profissional precisa estar atento ao que acontece no mercado".
Um dos caminhos para melhorar o nível de conhecimento sobre os autores/consultores de Marketing é a leitura de revistas e sites especializados. O problema é que 79% lêem a revista Veja, deixando de lê revistas importantes como HSM e Propaganda & Marketing (gráfico). Acesso a sites especializados também não é uma prática comum, 54% dos profissionais não costuma acessar a internet com esse objetivo. Por favor, fique fora dessa estatística e continue me visitando [risos].
A área de Marketing também não parece ser o sonho de muita gente. Quando perguntados se fizeram algum planejamento para ingresso na área de Marketing, praticamente metade dos profissionais entrevistados (45%), disseram não (gráfico). Esse resultado mostra que a maioria destes profissionais trabalha com Marketing por uma falta de opção ou por um acaso da vida. Trata-se de um índice que compromete a questão vocacional e a eficácia profissional.
Francisco José Toledo mostra-se mais uma vez perplexo. Para ele "este é o índice mais grave porque é como se você nunca desejasse fazer medicina e, de uma hora para outra, decidisse ser médico. Se você perguntar a um jovem que quer fazer Marketing ele não vai saber responder o porquê da escolha", comenta ao portal Mundo do Marketing.
Sabe o que é mais engraçado? 64% desses profissionais afirmam que "atualizar-se frente as tendências do mercado" e "ter dedicação, esforço e boa vontade" são os fatores mais determinantes para o sucesso na área de Marketing (gráfico). Provavelmente eles estão associando a atualização profissional com os títulos acadêmicos, sendo que 46% tem nível de ensino superior completo e 43% já cursaram uma pós-graduação (gráfico).
Outro resultado revela que a emissora de TV aberta predileta dos profissionais de Marketing é a Rede Globo (89%). A curiosidade vai para a audiência do SBT, abaixo da Record e Bandeirantes e TV Cultura. Eu estou dentro do grupo de 9% que não assiste nenhuma TV (gráfico).
Sobre o mercado de trabalho os profissionais de Marketing contatados trabalham, quase que em sua totalidade (92%), em empresas de grande e médio porte. Os pesquisadores entendem que apesar de apenas 7% dos profissionais estarem em pequenas empresas, para o mercado é um número significativo e mostra que essas organizações começam a preocupar-se com o uso do ferramental do Marketing.
Dentro dessas empresas, os entrevistados também responderam sobre a autonomia que eles tem quanto as decisões de Marketing. A maioria possui autonomia (69%), que corresponde aos 17% que avaliaram sua autonomia como total e 52% que avaliaram como grande (gráfico).
Para concluir, deixo aqui uma reflexão. Apesar dos resultados representarem apenas a realidade de São Paulo, acredito que em outras cidades não deve ser muito diferente. Em Teresina [cidade onde vivo] os profissionais de Marketing tem todas as características mostradas na pesquisa. Jovens, ávidos por novas especializações/MBAs, mas que não gostam de estudar. Os profissionais de Marketing não tem o hábito da leitura e não gostam de debater idéias. Sequer sabemos quem são os nossos "papas". Espero que essa pesquisa percorra as universidadades de todo o país e nos ajude a virar esse jogo.
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