A administração é cercada de neologismos. Muitas vezes por puro oportunismo semântico na tentativa de criar novos modismos, fonte de inúmeros livros e palestras. Também já nos acostumamos com a americanização gratuita de nosso vocabulário acadêmico. A própria marca "Marketing" é constantemente usurpada. Exemplos não faltam, como Marketing de Guerrilha, Neomarketing, Marketing de Permissão, Marketing On-to-One, e-Marketing, Marketing Direto, Marketing de Serviços, Endomarketing, Antropomarketing, e por aí vai.
Segundo o administrador Stephen Kanitz, o Brasil já tem 2.300 cursos de administração, sendo a profissão mais freqüente com 18% dos formandos. Ainda segundo Kanitz, há dez anos eram apenas 200.000 administradores, e só 5% das empresas contavam com um profissional para tocá-las.
Pois bem, boa parte desses administradores optará pelo Marketing como especialização. Serão os "marketeiros". Hã? Mar-ke-tei-ros? Até dói o ouvido chamar um Administrador graduado em Marketing de "marketeiro". É, no mínimo, um debate polêmico.
Renomados autores como o grande Philip Kotler consideram o termo normal. Um exemplo é sua obra Marketing de A a Z, onde ele constantemente faz referências aos "marketeiros". Esse termo vem no neologismo vulgar, contendo o sufixo "eiro", termo que chama atenção pela sua diversidade de noções semânticas. O mais comum é usar esse sufixo para rotular os indivíduos que praticam determinada atividade sem relação profissional. Exemplo: benzedeiro, sacoleiro, pistoleiro, além de termos negativos como maconheiro, fofoqueiro, cachaceiro, bagunceiro, dentre outros.
Assim, posso concluir que, para Kotler, somos um bando de amadores. No Brasil esse termo é totalmente equivocado. Não somos amadores. A Lei nº. 4.769, de 09 de setembro de 1965 regulamenta a profissão de administrador. Então me ajude a entender... Somos "marketeiros" mas estamos amparados pela lei. É isso? Então de que adianta cursar 4 anos de faculdade? Afinal, qualquer um pode ser "marketeiro". É para ser chick, então chama logo de marketeiro-diplomado.
Normalmente quem dissemina esse termo são os jornaleiros, perdão, jornalistas. É jor-na-lis-tas. E nós, "marketeiros". Engraçado não é... Pois bem, profissional de Marketing é Mercadólogo. O termo deriva do substantivo "mercado", campo de atuação dos profissionais em Marketing. É um neologismo rico, unindo-se o objeto de estudo e o sufixo "logo". Segundo o dicionário Houaiss, "logo" deriva do grego "lógos", que significa especialista, aquele que estuda, conhece. Exemplos: sociólogos, peleontólogos, antropólogos, psicólogos, enfim.
Aqueles que reconhecem "marketeiro" como sinônimo de profissão, são aqueles que amanhã estarão desonrando sua categoria. São aquelas figuras que tem sempre a famosa frase na ponta da língua: "isso aí é puro marketing". E ruminam ideologias baratas, fáceis e superficiais. Navegam nos modismos e adoram os livrinhos de auto-ajuda-em-marketing. Salve-se quem puder, cuidado que isso contamina. Definitivamente, eu não sou "marketeiro", sou sim, Mercadólogo. E com "M" maiúsculo, sempre.
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